Vento

vento 1

Hoje vento soprou
Triste
Tão tristemente que quem o ouviu cantar, chorou

No horizonte se levanta a tempestade
Virá, ela?
Vento destruirá tudo ao redor?
Ou se acalma e desiste do ódio?

Tem-se medo
Pois após teu canto, calou-se
Não há mínima brisa
E as nuvens escuras são ameaçadoras

Vento conselheiro
Amigo
E sorridente
Agora está calado

Marinheiro ao mar implora que volte
Normalmente
Quer mais que tudo que lhe infle as velas
Pois há grande distância a ser cumprida
E sem vento, não há viagem

Marinheiro ora a Netuno
“Reenvie vento amigo, por favor”
“Não permita que me abandone ao léu
Sozinho no meio do mar”

Mas só se ouve o silêncio
E o eco da própria voz

A madeira do barco estala sob seus pés
Seus pesadelos vem lhe importunar
Os lentos monstros marinhos sabem que não pode escapar

“Volte vento
Me tire daqui
Cante comigo nossa canção
E vamos novamente velejar”

Mas continua em silêncio

Turbilhão de pensamentos e água
Engole barco e marinheiro
Se perde no oceano

E enquanto afunda
Com peito queimando
Se lembra
E volta a pedir
“Canta de novo, vento?”

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