Hoje vento soprou
Triste
Tão tristemente que quem o ouviu cantar, chorou
No horizonte se levanta a tempestade
Virá, ela?
Vento destruirá tudo ao redor?
Ou se acalma e desiste do ódio?
Tem-se medo
Pois após teu canto, calou-se
Não há mínima brisa
E as nuvens escuras são ameaçadoras
Vento conselheiro
Amigo
E sorridente
Agora está calado
Marinheiro ao mar implora que volte
Normalmente
Quer mais que tudo que lhe infle as velas
Pois há grande distância a ser cumprida
E sem vento, não há viagem
Marinheiro ora a Netuno
“Reenvie vento amigo, por favor”
“Não permita que me abandone ao léu
Sozinho no meio do mar”
Mas só se ouve o silêncio
E o eco da própria voz
A madeira do barco estala sob seus pés
Seus pesadelos vem lhe importunar
Os lentos monstros marinhos sabem que não pode escapar
“Volte vento
Me tire daqui
Cante comigo nossa canção
E vamos novamente velejar”
Mas continua em silêncio
Turbilhão de pensamentos e água
Engole barco e marinheiro
Se perde no oceano
E enquanto afunda
Com peito queimando
Se lembra
E volta a pedir
“Canta de novo, vento?”